Chegados ao período do Natal, deparamo-nos mais uma vez um pouco por todo o país com a degradante realidade dos circos com animais.
Um dos principais obstáculos quando se trata de chamar a atenção para esta questão, como noutras, é sem
dúvida o hábito. Desde pequenos que a maior parte de nós se habituou ao
facto de os espectáculos circenses incluírem actuações de animais, sem nunca ter pensado sobre o que isso significa na verdade.
E a realidade não é nada agradável. Existem estudos e investigações sobre as condições de cativeiro dos animais nos circos, inclusive pelo menos um feito em Portugal, mas muito podemos observar por nós próprios.
Os circos que sobretudo nesta altura do ano surgem nas
nossas cidades e vilas instalam-se com grande visibilidade, fazendo-se
anunciar com cartazes exibidos em locais de passagem habitual para a
maior parte de nós. Apesar de no local os animais
serem mantidos um pouco resguardados do olhar das pessoas, é possível
aproximarmo-nos e observá-los, observar e reflectir sobre as condições
em que se encontram.
O tipo de animais exibidos pode
variar bastante, mas não o espaço que têm à sua disposição, por norma
exíguo face ao seu tamanho, o que é sobretudo evidente no caso dos
felinos de grande porte. Quando lá estiver, não deixe também de reparar
que o ambiente em que os animais se encontram é totalmente desprovido de estímulos. Se vir algum animal caminhando em círculos sobre si próprio, balançando o corpo sem sair do lugar ou exibindo algum outro tipo de comportamento repetitivo, é muito provável que esteja perante um animal com perturbações graves a nível mental, por causa das condições em que se encontra cativo.
Muitas vezes é também possível que observe feridas
expostas, por exemplo nas patas de póneis e felinos, mas não só. Estas
feridas não são apenas sinal de negligência por parte dos funcionários
dos circos, mas possivelmente são também resultado das agressões físicas
a que os animais são sujeitos durante os treinos de obediência, quando são agredidos com chicotes, aguilhões-ganchos ou por electrocussão.
Nunca se esqueça de que os animais não são treinados. São obrigados a desempenhar habilidades sob a ameaça e o medo da fome e das agressões físicas.
Desde há pelo menos quarenta anos que uma nova corrente estética designada Novo Circo, com vários exemplos na Europa, se propõe revitalizar de modo saudável a antiga magia do tradicional espectáculo de circo, preferindo não utilizar animais
nas suas produções, concebendo espectáculos que muitas vezes se
desenrolam em torno de uma história ou tema apelativos. Muitas destas
inovadoras companhias já visitaram e continuam a visitar o nosso país.
Países como Áustria, Costa Rica, Dinamarca, Finlândia,
Índia, Singapura, Suécia, Suíça e, mais recentemente, Alemanha e Reino
Unido proibiram ou restringiram em grande medida a utilização de animais em espectáculos de circo, por considerarem que as condições em que os animais são mantidos não são dignas e são altamente prejudiciais para o seu bem-estar físico e emocional.
Manter animais em cativeiro nestas condições e para diversão não é digno também para os animais humanos que para isso contribuem. Não é sequer pedagógico, pois nenhum comportamento exibido pelos animais nos espectáculos de circo é um comportamento natural, construindo, sobretudo nas crianças, uma imagem dos animais que não corresponde à realidade da sua natureza.
O Partido pelos Animais e pela Natureza apela por isso a que não contribua para a manutenção destas práticas, recusando-se a ir a circos com animais e a denunciar todas as situações de abusos de que tenha conhecimento.
Este Natal, vá ao circo sem animais!
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